2024 já soma 24 assassinatos por causa política, 10 deles nas eleições

  • 13/10/2024
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2024 já soma 24 assassinatos por causa política, 10 deles nas eleições

Marcelo Sayão/EFE/direitos reservados

Em 2024 foram registrados 518 casos de violência política. É o que aponta pesquisa das organizações sociais Terra de Direitos e Justiça Global, considerando o período pré-eleitoral e o primeiro turno das eleições.

Esse é o ano com o maior número de ocorrências desde o início da série histórica da pesquisa, em 2020.

O levantamento mapeia casos de violência com indícios de motivação política nas categorias de agressões físicas, ameaças, assassinatos, atentados, invasões, ofensas e criminalização.

O período eleitoral do primeiro turno, que iniciou no dia 16 de agosto e foi encerrado no domingo, registrou 373 casos de violência política dirigidas a candidatos ou políticos em exercício em todo o país.

Entre os casos, foram 24 assassinatos este ano, mais de 40% deles, 10, durante o período eleitoral. Em 2022, o 1º turno das eleições gerais registrou um assassinato no mesmo período.

Segundo Gisele Barbieri, da Coordenação de Incidência Política da Terra de Direitos, os casos não acontecem apenas no período eleitoral, mas se intensificam nessa época, principalmente nos pleitos municipais.

“As pessoas estão cada vez mais as pessoas estão se utilizando dessa violência para obter e manter benefícios políticos. Também acontece uma naturalização dessa violência, e a ausência de respostas do Estado também faz com que as pessoas se utilizem a esse tipo de instrumento para obter benefícios. Então é preciso que a gente consiga punir agressores identificados nesses casos”.

De acordo com a pesquisa, pessoas brancas são as principais vítimas dessa violência, representando 52% dos casos. Mas as pessoas negras representaram 80% dos assassinatos no primeiro turno das eleições deste ano.

Situação parecida com a das mulheres. Gisele destaca que apesar das mulheres proporcionalmente ocuparem muito menos cargos eletivos, elas foram alvo de 35% dos casos de violência política. A pesquisa também identificou ao menos oito casos de vazamento de vídeos íntimos ou de montagens de nudez com fotos de candidatas.

“A gente percebe que as mulheres são muito mais vítimas das ofensas, e quando são, geralmente se dão muito mais no ambiente parlamentar. Quando essas vítimas são mulheres, são submetidas a uma violência permanente. Já tem toda uma dificuldade para chegarem a esse espaço de poder e decisão, e quando elas chegam, são submetidas a violência cotidiana par que desistam de estar nesse espaço”.

De acordo como a coordenadora da Terra de Direitos, nem sempre é possível a identificação dos agressores, já que há muitos casos de atentados e assassinatos. Mas Gisele Barbieri destaca que, dos 373 casos registrados no primeiro turno das eleições municipais, em 174 deles os agressores foram identificados como homens. “Então também nos mostra que essa violência da prática política dos homens”, diz.

As ameaças foram as principais formas de violência registradas tanto no 1º turno, com 138 ocorrências, quanto no período pré-eleitoral.

As regiões Sudeste e Nordeste lideram os registros de violência política em 2024. São Paulo, Rio de Janeiro e Paraíba são os três estados com maior número de ocorrências.

Edição:
Roberto Piza/ Sumaia Villela

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